O terceiro dia do relato da criação descrito em Gênesis 1 é um marco na história do universo. É neste ponto que o Criador, por Sua palavra poderosa, organiza os elementos, separa a terra das águas e concede à terra a capacidade de produzir vida vegetal. Este dia não é uma narrativa poética, mas um testemunho da soberania e da perfeição de Deus, que cria com ordem, propósito e também harmonia.
Neste estudo, analisaremos detalhadamente como a terra seca surgiu, como os mares foram estabelecidos e como a vegetação foi criada para cumprir o plano divino. Também exploraremos as implicações teológicas e espirituais desse dia, conectando o relato bíblico com a vida cristã e os frutos espirituais que Deus deseja gerar em nós.
TEXTO-BASE
Gênesis 1.9-13
⁹ E disse Deus: Ajuntem-se as águas debaixo dos céus num lugar; e apareça a porção seca. E assim foi. ¹⁰ E chamou Deus à porção seca Terra; e ao ajuntamento das águas chamou Mares. E viu Deus que era bom. ¹¹ E disse Deus: Produza a terra erva verde, erva que dê semente, árvore frutífera que dê fruto segundo a sua espécie, cuja semente esteja nela sobre a terra. E assim foi. ¹² E a terra produziu erva, erva dando semente conforme a sua espécie e árvore frutífera, cuja semente está nela conforme a sua espécie. E viu Deus que era bom. ¹³ E foi a tarde e a manhã: o dia terceiro.
A PORÇÃO SECA: A TERRA EMERGE DA ÁGUA
É fascinante notar que parte da matéria criada no primeiro dia, antes ainda sem forma e vazia, agora adquire beleza e definição. Inicialmente, tudo estava submerso em água, mas, pela Palavra de Deus, essa porção de terra emergiu das profundezas, assumindo uma forma visível.
O apóstolo Pedro, um dos doze discípulos de Jesus, descreveu esse acontecimento em uma de suas cartas:
“Eles voluntariamente ignoram isto: que pela palavra de Deus já desde a antiguidade existiram os céus e a terra, que foi tirada da água e no meio da água subsiste...” – II Pedro 3.5
Ao ser tirada das águas, a terra passou a ser chamada de “terra seca” (יַבָּשָׂה). Esse termo sempre aparece em contraste com a água e, em diferentes passagens, refere-se à porção de terra que antes estava submersa. Por exemplo, temos os relatos da travessia do mar Vermelho pelo povo de Israel (Êx 14.16, 22, 29; Sl 66.6) e da passagem pelo rio Jordão (Js 4.22), ambas realizadas sobre terra seca.
Seguindo com a narrativa, é oportuno ressaltar algo: cada detalhe das Escrituras traz consigo uma alta carga de relevância. Observe, por exemplo, que Moisés usou o artigo definido ao falar da porção seca. Qual seria o motivo disso?
A razão está no fato de que, na criação, havia apenas um continente, ou seja, um único supercontinente. A ciência moderna estuda esse fenômeno e o chama de “Pangeia”; da mesma forma, só existia um grande oceano, batizado de “Pantalassa”.
Adauto Lourenço destaca que milênios antes de a teoria da tectônica de placas ser proposta, o relato bíblico já apontava a existência de um único continente primordial e de um único oceano.¹ Esse fato mostra, mais uma vez, que a Bíblia se coloca à frente de diversas descobertas científicas feitas pelo ser humano.
No entanto, vale sublinhar que, enquanto a ciência defende que a separação dos continentes ocorreu em um processo de milhões e milhões de anos, nós, à luz das Escrituras, cremos que isso se desenrolou no intervalo de apenas algumas centenas de anos, depois do dilúvio enfrentado por Noé.
Com relação a esse supercontinente mencionado no texto bíblico, Deus o chamou de “Mares” (יַמִּ֑ים), uma palavra que carrega o sentido de “rugir” ou “bramir”. De fato, é imaginável a grandiosidade do momento em que a porção de terra emergiu das águas, possivelmente gerando ondas que rugiam e se chocavam vigorosamente umas contra as outras...
A VEGETAÇÃO É GERADA PELA PALAVRA DE DEUS
Após a formação da terra seca, Deus deu outra ordem: “Produza a terra relva, ervas que deem sementes, e árvores frutíferas que deem frutos segundo a sua espécie” (Gn 1.11). A terra, em obediência à palavra do Criador, começou a produzir toda forma de vegetação, desde as ervas mais simples até as majestosas árvores frutíferas.
O Papel da Vegetação na Criação
A vegetação criada no terceiro dia desempenha um papel crucial no equilíbrio do planeta. As plantas não apenas produzem oxigênio e alimentos, mas também refletem a ordem divina ao seguirem um padrão estabelecido: cada espécie reproduz-se "segundo a sua espécie". Esse princípio de reprodução limitada garante a estabilidade da criação e impede o caos.
A frase "segundo a sua espécie" aparece repetidamente no relato da criação, destacando a intencionalidade de Deus em estabelecer limites claros para as espécies. Esse detalhe revela a perfeição do plano divino, em que cada ser criado tem sua função específica dentro do ecossistema.
LIÇÕES DO 3º DIA DA CRIAÇÃO
O terceiro dia da criação não apenas descreve eventos históricos, mas também carrega lições espirituais profundas para a vida cristã.
1. Deus Traz Ordem ao Caos
Assim como Deus separou as águas e fez surgir a terra seca, Ele também deseja trazer ordem às áreas desordenadas de nossa vida. Sua palavra tem o poder de transformar o caos em harmonia, criando um ambiente propício para o crescimento espiritual.
2. Produzir Frutos para a Glória de Deus
A vegetação criada no terceiro dia nos ensina sobre a importância de produzir frutos. Jesus disse: “Eu sou a videira, vocês são os ramos. Se alguém permanecer em mim e eu nele, esse dá muito fruto; pois sem mim vocês não podem fazer coisa alguma” (Jo 15.5).
Assim como as árvores frutíferas obedecem à ordem divina para produzir frutos, os cristãos também são chamados a gerar frutos espirituais que glorifiquem a Deus.
3. A Soberania de Deus na Criação
O relato do terceiro dia nos lembra que Deus é soberano sobre toda a criação. Ele não apenas criou o mundo, mas continua sustentando-o com Sua palavra poderosa. Essa verdade nos convida a confiar no Senhor, sabendo que Ele tem controle sobre todas as coisas.
IMPLICAÇÕES PARA A VIDA CRISTÃ
O terceiro dia da criação também nos desafia a refletir sobre nosso papel como filhos de Deus e administradores de Sua criação. Somos chamados a cuidar da terra e a viver de maneira que glorifique ao Criador. Além disso, somos desafiados a produzir frutos dignos de arrependimento, conforme ensinado nos Evangelhos.
O fruto do Espírito, como amor, alegria, paz, paciência, bondade, fidelidade, mansidão e domínio próprio (Gl 5.22,23), é evidência de uma vida transformada pelo Espírito Santo. Assim como a terra obedeceu à ordem divina para produzir frutos, também somos chamados a obedecer a Deus e permitir que Sua palavra frutifique em nós.
CONCLUSÃO
O terceiro dia da criação é um testemunho do poder e da sabedoria de Deus. Ele não apenas criou a terra seca, os mares e a vegetação, mas fez tudo com um propósito claro e ordenado. Esse relato nos lembra que Deus é um Deus de ordem, que transforma o caos em beleza e dá à criação a capacidade de refletir Sua glória.
Assim como a terra foi chamada a produzir frutos, somos desafiados a viver de maneira que glorifique ao Criador, produzindo frutos espirituais e cuidando da criação que Ele nos confiou. Que essa mensagem inspire sua fé e fortaleça sua confiança no Deus que continua a sustentar todas as coisas com Sua palavra poderosa.
Christo Nihil Praeponere — “A nada dar mais valor que a Cristo”
NOTA
¹ LOURENÇO, Adauto. Gênesis 1 & 2. Editora Fiel, 2011, p. 99.
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