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A Conversão de Saulo: Do Perseguidor ao Apóstolo Transformado

**Descrição de texto alternativo:**   Imagem de um homem com barba e expressão de surpresa, levantando as mãos em direção a uma luz brilhante que o envolve. Ele usa um manto e um turbante na cabeça, simbolizando uma figura do período bíblico, representando Saulo de Tarso no momento de sua conversão no caminho para Damasco. No canto superior esquerdo, há um pequeno símbolo de peixe, representando o cristianismo.
“Saulo, Saulo, por que me persegues?” – Atos 9.4

Saulo de Tarso, um zeloso defensor do judaísmo e perseguidor fervoroso dos primeiros cristãos, acreditava que estava fazendo a vontade de Deus ao caçar e prender os seguidores de Jesus. Ele via o cristianismo como uma heresia e a ideia de Jesus como Messias, para ele, era um ultraje.

Com uma paixão desenfreada, Saulo invadia sinagogas, arrastava cristãos para a prisão e até os forçava a blasfemar contra Jesus Cristo. Sua vida parecia destinada a ser marcada pelo ódio e pela violência. 

Mas Deus tinha outros planos. Um encontro no caminho para Damasco mudaria para sempre a trajetória de Saulo, transformando-o de perseguidor em um dos maiores apóstolos de Cristo. Essa história é um poderoso exemplo de que a graça de Deus pode alcançar até o mais endurecido dos corações.

NO CAMINHO PARA DAMASCO: O ENCONTRO COM CRISTO


Com uma permissão especial do sumo-sacerdote, Saulo partiu para Damasco com o objetivo de capturar mais cristãos e trazê-los como prisioneiros para Jerusalém. Damasco, um importante centro comercial e cultural, era um ponto de encontro para judeus e cristãos, e Saulo estava determinado a acabar com o crescimento dessa “seita”, como ele a considerava (At 9.2).

Ele acreditava que a solução era a perseguição e a violência, mas quanto mais a Igreja era perseguida, mais ela crescia em número de fiéis – uma dinâmica que já havia ocorrido antes com o povo de Israel no Egito (Ex 1.12).

No caminho para Damasco, porém, algo inesperado aconteceu: “subitamente o cercou um resplendor de luz do céu. E, caindo em terra, ouviu uma voz que lhe dizia: Saulo, Saulo, por que me persegues?” -- Atos 9.3-4

Esse resplendor de luz lançou Saulo ao chão. Ele, que sempre foi como um touro selvagem, agora estava domado e caído. Mas algo mais profundo estava acontecendo. A frase “ouviu uma voz” no versículo 4, no texto original grego, está no caso acusativo, indicando que Saulo não ouviu apenas um som indistinto, mas uma mensagem clara, uma voz com conteúdo.

Por outro lado, os homens que acompanhavam Saulo pararam espantados, ouvindo a voz, mas não vendo ninguém (v.7). A palavra “voz” que descreve o que eles ouviram está no caso genitivo, indicando que eles perceberam um som, mas sem compreensão da mensagem proclamada.

Isso resolve a aparente contradição que muitos apontam em Atos 22.9 onde Paulo, anos mais tarde, narrou este mesmo fato. Acerca daqueles que o acompanhavam, disse: viram, em verdade, a luz, e se atemorizaram muito; mas não ouviram a voz [acusativo] daquele que falava comigo.

Eles ouviram um som [genitivo], mas somente Saulo pôde identificar as palavras proferidas pela voz [acusativo].

Uma situação semelhante parece estar descrita em João 12.28,19. Quando uma voz veio do céu, a multidão dos que não criam 'dizia que tinha sido um trovão'. Alguns que tinham maior discernimento espiritual, pensaram que um anjo tinha falado. Mas aparentemente, somente Jesus e os seus discípulos compreenderam as palavras (Beacon, CPAD, Vol 7. P. 274, 275).

“POR QUE ME PERSEGUES?”


A pergunta de Jesus, “Saulo, Saulo, por que me persegues?”, revela uma verdade poderosa: ao perseguir a Igreja, que é o corpo de Cristo, Saulo perseguia o próprio Cristo, o Cabeça desse corpo. Este é um aviso solene, não apenas para aqueles de fora que atacam a Igreja, mas também para os próprios membros da Igreja, quando agem contra seus irmãos.

Ao fazer isso, estão agindo contra Cristo.

Saulo responde: “Quem és, Senhor?” A palavra “Senhor” utilizada aqui indica que Saulo sabia que não era qualquer voz, mas uma voz com autoridade, uma voz que penetra a alma. Ele pergunta, mas parece já intuir a resposta.

Jesus então responde: “Eu sou Jesus, a quem tu persegues. Duro é para ti recalcitrar contra os aguilhões” (At 9.5). Aqui, Jesus compara Saulo a um touro selvagem, difícil de domar. Ele já vinha trabalhando com Saulo há algum tempo, mas Saulo resistia.

A expressão “recalcitrar contra os aguilhões” refere-se a um animal que luta contra o aguilhão do pastor, resistindo à direção. A voz do Espírito Santo já falava à consciência de Saulo, e agora era o momento da entrega final.

Hernandes Dias Lopes observa que Jesus já estava “ferroando a consciência”¹ de Saulo quando ele assistiu à execução de Estêvão e viu a paz em seu rosto, mesmo enquanto era apedrejado. E mais, ao prender cristãos, ele observava sua alegria e coragem em não negar a Jesus, algo que perturbava sua consciência.

A atitude dos cristãos primitivos contrastava fortemente com sua própria dureza.

“NÃO ENDUREÇAIS OS VOSSOS CORAÇÕES”


Depois de ouvir essa voz tão poderosa, Saulo responde com arrependimento e fé. Por algum tempo ele resistiu, mas ao se ver face a face com o Mestre, ele cedeu e abriu o coração. Como diz o escritor de Hebreus: “Se ouvirdes hoje a sua voz, não endureçais os vossos corações” (3.7-8).

Agora rendido, Saulo “tremendo e atônito pergunta: “Senhor, que queres que faça?” (At 9.6). A palavra “tremendo” no texto original grego é tremōn, que denota um tremor de medo e pavor. Já a palavra “atônito” vem de thambōn, indicando surpresa e espanto.

Saulo, aquele que antes era uma fera selvagem, agora estava submisso e vulnerável diante de Deus, tremendo e atônito em face do Seu poder.

Então Jesus o instrui: “Levanta-te e entra na cidade, e lá te será dito o que te convém fazer”. Saulo é levado a Damasco, mas agora não como perseguidor, e sim como um homem quebrantado.

O comentarista Elienai Cabral explica que “com sua ida para Damasco, o perseguidor tinha a intenção de acabar de vez com os seguidores de Jesus, mas foi surpreendido por uma experiência sobrenatural pela qual nunca havia passado. Segundo seu próprio testemunho, o perseguidor viu literalmente a pessoa de Jesus, o Ressurreto, que o despojou de seu 'ego' arrogante. Nessa visão Saulo pôde compreender quem era Jesus e sua obra redentora no Calvário

CONCLUSÃO: A GRAÇA QUE TRANSFORMA


Por um tempo, Saulo de Tarso perseguiu ferozmente a Igreja de Cristo. Ele era como uma fera selvagem, um touro bravo, que prendia, açoitava e lançava os santos em prisões. Mas o Espírito Santo já trabalhava em seu coração, tornando difícil para ele resistir.

No caminho para Damasco, enquanto respirava ameaças contra os cristãos, uma luz divina resplandeceu sobre ele, lançando-o ao chão. O próprio Jesus se revelou a ele, e naquele momento, Saulo já não era mais o mesmo. De perseguidor, tornou-se um homem quebrantado diante do filho de Deus.

Saulo levantou-se da terra, mas agora via o mundo com outros olhos. Cego fisicamente, mas iluminado espiritualmente, ele seguiu até Damasco. Lá, Ananias, um discípulo enviado pelo Senhor, orou por ele, confirmando sua chamada e início de uma nova vida em Cristo.

A conversão de Saulo é uma prova do poder transformador da graça de Deus. A mesma graça que alcançou Saulo e o transformou de perseguidor em apóstolo também está disponível para todos nós.

Entregue sua vida ao Senhor, pois Ele é poderoso para transformar qualquer coração.

Christo Nihil Praeponere - “A nada dar mais valor que a Cristo”

ORAÇÃO


Senhor, pela graça revelada em seu filho, transforme minha vida assim como transformastes a vida de Saulo. Em nome de Jesus!


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FONTE


¹ LOPES, Hernandes Dias - Paulo, O Maior Líder do Cristianismo. Hagnos, p. 28,29.
² Lições Bíblicas, 4º Trimestre de 2021. CPAD, p. 19.

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